O Estado que mata, por Daniel Samam


Na última sexta-feira (8), ao menos 14 pessoas foram executadas durante operação da Polícia Militar nas favelas do Fallet, Fogueteiro, Coroa e Prazeres, na região central do Rio de Janeiro. A corporação afirma que todos foram mortos em confronto com a polícia. Já moradores dizem que os policiais atiraram mesmo após a rendição dos suspeitos.

A ação que reuniu o Bope (Batalhão de Operações Especiais) e o Batalhão de Choque começou, segundo a PM, após uma série de confrontos entre criminosos das facções Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP), que comandam o tráfico na região. Ainda segundo a PM, os policiais foram recebidos a tiros, dando início ao confronto. 

De acordo com o relato de moradores, os suspeitos foram rendidos e executados dentro de uma casa. A secretaria municipal de saúde informou que 18 suspeitos deram entrada no hospital municipal Souza Aguiar. Segundo a pasta, 13 chegaram sem vida ao local, um morreu no CTI e outros dois permanecem na unidade.

Como de praxe, os PMs não esperaram a chegada da perícia da Polícia Civil e removeram os corpos, levando-os para o hospital Souza Aguiar e, consequentemente, alterando a cena do crime. Com isso, a investigação do caso fica comprometida e será difícil sabermos o que realmente aconteceu.

Vivemos a institucionalização da barbárie e o Brasil corre sério risco de terminar como o México, quando o governo deu aval às forças de segurança para operar na lógica do extermínio. Só não combinaram com o crime organizado, que topou a ideia do jogo sem regras.

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