101 anos da revolução russa, por Val Carvalho

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Hoje, 7 de novembro de 2018, se celebra os 101 anos da Revolução Socialista de Outubro. A data de 24 de Outubro do antigo calendário russo foi atualizada para a do calendário moderno. 

Muito se tem falado das vitórias e fracassos dessa histórica Revolução. Como as causas mais profundas que a geraram continuam existindo, que são as contradições do capitalismo e suas guerras intermináveis, entendo que novas revoluções anticapitalistas devem acontecer, embora com formas radicalmente diferentes, ainda não muito compreendidas pelas vanguardas socialistas.

Mas, sem dúvida, temos inúmeras lições que podem ser tiradas dessa grande Revolução, sobretudo da formidável direção política de seu maior líder, Lênin. 

A estratégia leninista da revolução de Outubro, apresentada em 1917 nas suas famosas Teses de Abril, foi gestada ainda no calor da derrota da primeira revolução russa de 1907 e mais tarde, no tenebroso período da Primeira Guerra Mundial, que fragmentou a II Internacional Socialista.

Em seguida à derrota da Revolução de 1905 a reação dominou a Rússia, perseguindo todo o movimento socialista. É um período parecido com o que já vivemos desde o Golpe de 2016 e mais semelhante ainda com o que vamos entrar agora com a vitória do fascismo tupiniquim. Naquela época Lênin priorizou duas linhas de ação: a de reorganizar o partido a partir das bases e a de estudar filosofia para combater toda sorte de confusão ideológica, de liquidacionismo partidário e sectarismo político que eram estimulados pela reação.

Como não foi possível em 1914 impedir a guerra nem mesmo votar contra as suas respectivas burguesias, os socialistas se dividiram e Lênin, refugiado na Suíça, voltou a estudar profundamente a filosofia, Hegel e a dialética para entender as contradições do capitalismo e da guerra. 

Escreveu o livro “Imperialismo fase superior do Capitalismo” que lhe fez perceber que o sistema imperialista internacional sempre gera um elo mais fraco. No caso da guerra de 1914 esse elo mais fraco foi a Rússia, que não aguentou o esforço de guerra e gerou a primeira Revolução Democrático-Burguesa, que derrubou o czarismo. Vieram em seguida as Teses de Abril e, em Outubro (novembro), a vitória da Revolução Socialista.

Aprendemos com Lênin e as experiências da Revolução Russa que não há reação política e ideológica capaz de impedir a atuação de um partido revolucionário. Em nosso caso, da frente democrática e popular antifascista, construída tanto por partidos democráticos e de esquerda quanto por movimentos sociais e identitários. Esse é um movimento muito amplo, plural, com vários centros, que, se agir unitariamente torna muito difícil para o governo fascista de Bolsonaro liquidá-lo por meio da repressão ou do estímulo à sua fragmentação política.

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