A radicalização da vendeta neoliberal e a resistência popular em torno de Lula, por Daniel Samam

Publicado em minha coluna no Brasil 247.

Com a decisão do TRF-4 no último dia 24 de janeiro, o golpe atingiu novo patamar e oficializou o Estado de exceção, controlado pelo consórcio financeiro-jurídico-midiático que opera para a consolidação da vendeta neoliberal, caçando direitos individuais, simbolizados nos direitos de Lula, e direitos coletivos, na destruição da CLT, na tentativa de destruição da previdência social, na redução dos investimentos e gastos públicos, no desmonte do Estado de bem-estar social e pela abertura total da economia, com extinção dos mecanismos estatais de intervenção na mesma, com venda de patrimônio público e privatização de serviços públicos.

E que fique claro, o golpe se faz necessário após a experimentação de progressos sociais como a significativa distribuição de renda, a queda nas desigualdades, a redução da pobreza, a quase erradicação da fome, maior criação de empregos formais, a política de aumento do salário mínimo, a ampliação do crédito e o consequente aquecimento do mercado interno no Brasil. Por isso o consórcio golpista instaurou um regime de exceção, que criminaliza a política e lideranças populares com capacidade de organizar a resistência e reverter o golpe. Daí a necessidade dos direitos civis e políticos serem negligenciados pelo Judiciário.

Isso explica perfeitamente o que fazem com Lula. Mesmo inelegível e até preso, Lula continuará a ser a principal liderança política e popular do Brasil. Continuará a liderar as pesquisas. Na verdade, sua imagem tende a se agigantar cada vez mais. A resistência popular tende a crescer e esse será o fator determinante: o movimento concreto do povo na luta e a correlação de forças real na sociedade.

Se conseguirmos eleger não apenas o Lula, mas sobretudo o que ele representa, conseguiremos revogar todo entulho que a vendeta neoliberal aprovou, junto a algumas distorções que nossos governos deixaram passar por se deixar levar pelo discurso moralista e punitivista da opinião pública manipulada pela grande mídia, ou por simples e pura ilusão de classe, como foram os casos da lei da ficha limpa e o instituto da delação premiada, por exemplo. Também poderemos avançar na regulamentação do que há de mais progressista na Constituição cidadã de 1988.

Na base da pirâmide social, no povo, constitui-se um descontentamento geral diante do aumento do desemprego, do corte de direitos e do fim da aposentadoria. Após a infame decisão dos maganos do TRF-4, que suprimiu o direito de voto de milhões de trabalhadoras e trabalhadores, cria-se o caldo de Cultura para a depressão cívica se transformar em insurreição pelo direito do povo decidir seu próprio destino e o da Nação.

Devemos apostar nisso. Venceremos!

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