O PT e os desafios impostos até a eleição de 2018, por Daniel Samam

Publicado na minha coluna no Brasil 247.


A imagem e a confiança no Partido dos Trabalhadores (PT) vem sendo recomposta rapidamente na sociedade. Para comprovar, basta ver as pesquisas de intenção de voto em Lula e a pesquisa Datafolha do mês de outubro de 2017 que revelou que o PT retomou o topo na preferência entre as brasileiras e os brasileiros, com 19% de simpatia. Nesse ponto, o golpe ajudou o PT. Explico. Já pararam pra pensar se o PT saísse naturalmente em 2018, sem o impedimento do golpe de 2016, após de 16 anos consecutivos no poder? Certamente, o partido sairia desestruturado simbolicamente, correndo o risco de se fragmentar em vários projetos e partidos. Mas, não. A direita nos fez o favor de interromper esse processo.

Daí a necessidade de compreender que o Brasil passa pela maior crise política e econômica de sua história recente. No entanto, a crise que vivemos tem também dimensão institucional, pois os desarranjos permeiam os três poderes, embora a casta do Judiciário ainda permaneça intocável. Por isso, os desafios impostos por esta conjuntura ao PT e a todo o campo democrático-popular são muito grandes, mas superá-los é de fundamental importância para o Brasil.

Neste momento, o PT deve se concentrar na participação e apoio às mobilizações e lutas contra a vendeta neoliberal que promove o desmonte do Estado brasileiro, a retirada de direitos duramente conquistados e impõe grande sofrimento a maioria do povo brasileiro, na defesa da democracia, do Estado Democrático de Direito e por eleições livres em 2018.

As condições em que se dará o processo eleitoral de 2018 exigirão que o PT não vacile na formulação, preparação e condução desta disputa. Para dar conta dos desafios que estão colocados, é necessário que o PT empenhe esforços nas mobilizações e, ao mesmo tempo, empreenda um profundo e amplo processo de mobilização e debate interno.

Essa tarefa visa não apenas a construir chapas e nominatas competitivas para 2018, mas, acima de tudo, construir também uma narrativa programática capaz de dialogar com a população e com os aliados necessários para viabilizar a retomada do projeto de desenvolvimento social que o Brasil necessita.

O momento nos exige firmeza. É hora de convocar a militância, nossos apoiadores e simpatizantes, filiados ou não, a se engajarem, para juntos realizarmos uma grande disputa de projeto nas eleições do ano que vem que terá um caráter plebiscitário entre dois projetos de Brasil: o primeiro é o projeto que vinha sendo conduzido pelos governos do PT, de um país soberano, inclusivo e justo. O segundo é o projeto antipovo e antidemocrático liderado pela "Aliança Antinacional", composta pela Banca (o Capital financeiro), pela Rede Globo e pelos setores entreguistas e vira-latas da tecnoburocracia estatal (setores do MP, da PF e do Judiciário). É o projeto do golpe que colocou o Brasil submisso à ordem econômica e política mundial vigente.

Nenhum comentário: