Temer abre as portas da Caixa para a banca estrangeira

Publicado no Relatório Reservado.


O governo pretende atrair bancos estrangeiros para participar da privatização da Caixa Econômica Federal (CEF). A decisão de venda da CEF será anunciada em pronunciamento do presidente Michel Temer, no final do ano, junto com diversas outras medidas de reestruturação da máquina do Estado, além da comunicação solene de que o governo pretende incluir o Bolsa-Família na Constituição. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já confirmou que está estudando a operação.

A responsabilidade pelo desenho da privatização está nas mãos do presidente da Caixa, Gilberto Occhi. O governo quer tratar da comunicação com cuidado, devido à delicadeza política do assunto. A venda da CEF é uma das raras operações capazes de gerar os recursos extraordinários para o equilíbrio das contas públicas, em 2018, um ano em que os calendários fiscal e eleitoral se entrechocam.

Entre os cinco bancos do governo – Banco do Brasil, BNB, Basa, BNDES e a própria CEF – a Caixa sempre foi a instituição financeira preferencial para efeito de privatização. Muito provavelmente devido ao seu maior grau de superposição com o Banco do Brasil. A venda da CEF viria na esteira da anunciada privatização da Eletrobras. O modelo de negócios, contudo, seria o da privatização do controle em leilão, ao contrário da holding do setor elétrico. O motivo é que as instituições financeiras têm de ter dono; não podem ter seu controle pulverizado.

No passado, diversos bancos estrangeiros tentaram a sorte no mercado brasileiro. Não tiveram êxito. Sobrou apenas um de mais de uma dezena: o Banco Santander. A CEF faz parte de um seleto grupo de cinco instituições financeiras que detém 80% dos ativos bancários nacionais. A Caixa tem 95 mil funcionários, mais de quatro mil pontos de atendimento e aproximadamente 80 milhões de clientes. A expectativa é que venha um candidato chinês por ai. Vai ter de descascar um abacaxi social e político de dimensões épicas.

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