A solução fascista no Brasil, por Daniel Samam

Publicado em minha coluna no Brasil 247.


No Brasil, a política foi criminalizada em um processo moralista devastador nunca antes visto. Há três anos, tudo o que se faz nesse país é destruir, desmontar: de líderes populares ao Estado brasileiro; da indústria a soberania nacional; dos empregos a esperança de toda uma nação.

O discurso de ódio resultou no completo rechaço à política, à conciliação e ao diálogo tradicionais da vida política brasileira. Não existe mais centro político no Brasil. A polarização atingiu o nível de uma briga de surdos. E há - à esquerda e à direita - quem considere esse processo positivo. Veem "janelas de oportunidade" nesse cenário de "terra arrasada".

Na economia, não temos mais debate em torno de projetos de desenvolvimento. Apenas cortes e a agenda da moda: austeridade e responsabilidade fiscal. Destruíram instituições, empresas e milhões de empregos. O que ainda está de pé é posto à venda, em regime de liquidação. E que fique claro: abolida a esfera política democrática, permanece apenas a esfera econômica. Aí o capitalismo estará livre dos limites impostos pelo Estado nacional como as leis trabalhistas, previdenciárias, de proteção ambiental, etc.

O mais longo período democrático da República foi interrompido porque as escolhas do povo brasileiro referendadas nas urnas em 2014 foram desrespeitadas por um consórcio de vendilhões e canalhas a serviço de uma elite medíocre, desumana, subserviente a interesses transnacionais e, sobretudo, burra, que encara o povo com desprezo, com ódio e por isso nos impuseram um golpe por termos derrotado o projeto neoliberal ao colocarmos um metalúrgico e uma mulher comprometidos com os interesses do povo, com a soberania e com o desenvolvimento do Brasil durante 13 anos de governo popular.

É ela, essa mesma elite vira-lata quem decide pelo Brasil. Atualmente, representada por concurseiros da tecnocracia estatal (MP, PF e setores do Judiciário), respaldados pela Banca (capital financeiro) e pela Rede Globo. A tal aliança antinacional de que tanto me refiro em meus artigos. E quando estes decidem por nós, sejam juízes, procuradores, delegados, generais ou qualquer outro que não tenha se submetido ao voto popular, o que temos, de fato, é o fascismo.

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