4 pitacos ao calor da hora, por Daniel Samam

1) O Brasil segue como um trem desgovernado e a crise política se agrava rápida e profundamente. No entanto, Temer resiste para se manter no cargo a partir de sua força parlamentar, mas que vai perdendo substância a cada nova denúncia, a cada semana. Essa sobrevivência de Temer tem seu lado positivo, pois faz com que as malditas "reformas" tramitem lentamente, quase parando. Hoje (20), por exemplo, o governo ilegítimo e sem voto teve um revés ao ter o relatório da reforma trabalhista rejeitado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), no Senado.

2) É bem provável também que o Procurador-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, denuncie Temer por corrupção passiva em relação ao caso da mala de R$ 500 mil com seu assessor, Rodrigo Rocha Loures e, com isso, jogue a bola para que a Câmara dos Deputados, presidida pelo capacho de Temer e lacaio do neoliberalismo mais vadio, Rodrigo Maia (DEM-RJ), autorize a investigação desde que esta seja aprovada em plenário por 2/3 dos deputados, coisa de 172 votos, afastando Temer por 180 dias e colocando Maia como presidente interino. Os corajosos e as corajosas que compareceram no plenário da câmara dos deputados com bandeiras do Brasil, empunhando "pixulecos" para votar no impeachment de Dilma, agora planejam fugir do plenário para salvar Temer.

3) Na entrevista do bandido Joesley Batista à Revista Época, publicada no fim de semana passado, só reforça o que há muito tempo já se sabe, que é a relação promíscua entre as elites política e econômica no Brasil, além das divisões, rachas e disputas entre eles. Fora isso, não passa de um bandido delatando outro bandido.

4) A Globo já demonstrou que não vai descansar até derrubar Temer. Claro, a Globo segue a banca e Temer perdeu o apoio da banca. O problema é que a Globo e a banca precisam construir o consenso em torno de um nome que substituirá Temer e seguirá com a agenda focada na vendeta neoliberal contra o Estado Nacional e Social. Por não ter consenso sobre o nome pra substituir Temer, a Globo faz forte oposição ao movimento das "diretas, já". E fazem porque sabem que só eleições diretas permitiriam ao povo brasileiro avaliar que modelo de Estado querem: o Estado Social, solidário, soberano, que defende a indústria nacional e nossas trabalhadoras e nossos trabalhadores; ou o Estado neoliberal, excludente, desigual, desumano e que governa exclusivamente para os interesses do capital financeiro.

Abraços, 
Daniel Samam


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