Possível na linha de sucessão, Cármen Lúcia é a favor das reformas trabalhista e da previdência

Publicado no Justificando.


A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, pode ter, como se diz em sua terra natal (Minas Gerais), a faca e o queijo na mão para se tornar Presidente da República. Com isso, ela poderá convocar eleições indiretas, caso se confirmem as expectativas de que Michel Temer (PMDB) não se sustentará no cargo ante a crise política instalada pela delação da JBS. Isso porque a ministra é a terceira na linha de sucessão, mas ocupa uma cadeira que pode tornar tanto o presidente da Câmara Rodrigo Maia (PMDB-RJ), quanto o presidente do Senado Eunício Oliveira (PMDB-CE) réus no Supremo, o que os afastaria da linha presidencial.

Ambos que têm preferência na linha sucessória são investigados no Supremo por inquéritos relacionados à Lava Jato e podem ser denunciados pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. A situação específica de Eunício Oliveira complicou-se ainda mais pois a corte aceitou mais um inquérito contra ele em função da delação da JBS. Cármen Lúcia, por sua vez, enquanto presidente do STF, é responsável por pautar os casos julgados pela corte e, portanto, consegue estabelecer exatamente o timing do debate sobre eventual recebimento de denúncia em face dos políticos, cuja consequência seria torná-los “impresidenciáveis”.

Vale lembrar que a ministra tem contado com a cobertura favorável dos meios de comunicação, que a veem com proximidade da população. A aparência de popular, no entanto, esconde o trabalho da magistrada em articular por reformas pretendidas pela base aliada de Michel Temer, como a reforma trabalhista e da previdência.

Na última semana, ela recebeu em seu gabinete, um seleto grupo de 13 empresários, dentre os quais o Presidente do Itaú e o diretor da Rede Globo. Foi o segundo encontro organizado pela magistrada e a determinação é que a reunião seja reservada e discreta. A pauta da reunião apenas com o lado empresarial foi as ações trabalhistas e o que a reforma trabalhista, tratadas como parte da “solução do problema”.

Confira a lista de participantes da reunião:

Betania Tanure (consultora da BTA – Betania Tanure Associados);

Candido Bracher (novo presidente do Itaú Unibanco);

Carlos Schroder (diretor-geral da Rede Globo);

Chieko Aoki (fundadora e presidente da rede Blue Tree Hotels);

Décio da Silva (controlador da fabricante de motores Weg);

Flavio Rocha (dono das lojas Riachuelo);

Jefferson de Paula (chefe da ArcelorMittal Aços Longos na América do Sul);

Luiza Helena Trajano Rodrigues (dona da rede Magazine Luiza);

Paulo Kakinoff (presidente da Gol Linhas Aéreas);

Pedro Wongtschowski (empresário do grupo Ultra, dono da rede Ipiranga);

Rubens Menin (dono da construtora MRV);

Walter Schalka (presidente da Suzano Papel e Celulose);

Wilson Ferreira (presidente da Eletrobras).

Antes disso, a ministra já havia dado a “benção” para a então PEC 241, que propunha congelar os gastos do governo pelo prazo de 20 anos. Em reunião com o Ministro da Economia Henrique Meirelles, Cármen se posicionou publicamente favorável à matéria, em que pese ser algo que ela iria julgar a constitucionalidade. A PEC foi aprovada e a oposição já contestou sua legalidade na corte, que ainda não decidiu a respeito.

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