Patrulha fundamentalista: Igreja Católica censura o carnaval mais uma vez


A Estação Primeira de Mangueira decidiu ontem (3) à noite não levar para o Desfile das Campeãs, neste sábado (4), uma das alegorias mais belas e marcantes do carnaval de 2017: o tripé “Santo e orixá”, que trazia de um lado a imagem de Jesus Cristo e, de outro, a de Oxalá. 

A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro externou para a LIESA - Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro seu incômodo com a alegoria, e a LIESA, covarde e submissa à Arquidiocese, sugeriu à Verde e Rosa que ela não fosse levada para a Sapucaí.

Membros da Arquidiocese visitaram o barracão da Mangueira antes do carnaval para entender o enredo “Só com a ajuda do santo”. Como o desfile trataria da religiosidade do povo brasileiro, a Igreja fez questão de conhecer o projeto, para saber como seria abordado o tema e de que forma apareceriam as imagens. Mas, felizmente, a alegoria "Santo e Orixá" não estava entre as alegorias que foram apresentadas aos membros da Igreja. Do contrário, teria sido censurada no desfile oficial. Sabem qual o nome disso? Censura prévia. Algo que deveria ser inadmissível numa sociedade como a brasileira, que sofreu com 21 anos de ditadura civil-empresarial-militar, com amplo cerceamento de direitos e liberdades.

A única instituição religiosa que exerce de fato um poder fundamentalista no Brasil, chama-se Igreja Católica. Não adianta ter um Papa bacana e progressista como Papa Francisco se o restante da instituição continue reacionária e totalitária. Cabe lembrar que também foi a própria igreja católica que, secularmente, combateu e praticamente dizimou o "catolicismo popular" (leia-se as CEBs - Comunidades Eclesiais de Base, a Teologia da Libertação, etc), de linha mais progressista. 

A Igreja Católica nunca tolerou o sincretismo. Vejamos a lavagem do Bonfim, em Salvador, Bahia. As baianas só lavam as escadarias, ou seja, da porta pra fora da igreja.

A igreja - nenhuma delas - tem o direito de se meter no carnaval e censurar alegorias. Aliás, nenhuma Igreja ou Religião tem o direito de censurar algo ou alguém.

Lamentável.

Abraços, 
Daniel Samam

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