Esquema na Caixa favorecia diretamente o PMDB


Investigação realizada no âmbito da operação "Cui Bono?" ("A quem beneficia?"), deflagrada ontem (13) pela Polícia Federal, aponta que o PMDB era o destino das propinas obtidas em um esquema na Caixa Econômica Federal.

Segundo o Ministério Público Federal e a PF, Geddel Vieira Lima, ex-ministro e ex-braço direito de Temer, e Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, cobravam propina de empresários para liberar crédito no banco. O esquema aconteceu, de acordo com relatório da PF, pelo menos entre 2011 e 2013. Na época, Geddel ocupava o cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, e Cunha era deputado.

"Os diálogos não deixam dúvidas de que Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha buscavam contrapartidas indevidas junto às diversas empresas mencionadas ao longo da representação, visando à liberação de créditos que estavam sob a gestão da vice-presidência de Geddel", escreveu o procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes.

"Os valores indevidos eram recebidos por meio das empresas de Lucio Bolonha Funaro e possivelmente por outros meios que precisam ser aprofundados, tendo como destinação o beneficiamento pessoal deles ou do PMDB", diz ainda o procurador.

Na mesma operação que investiga a fraude na liberação de crédito da Caixa a empresários, a Polícia Federal divulgou mensagens trocadas entre Geddel e Cunha. Em um dos casos, envolvendo a empresa Marfrig Global Foods, Geddel informou a Cunha por SMS que o voto sairia naquele dia; "Opiniao de voto: favorável", dizia a primeira mensagem, seguida de outra: "Já foi, agora é vc". Só pra lembrar que logo após o golpe, Geddel era o cara que cuidava de todas as nomeações no governo golpista de Temer.

Numa das mensagens do celular de Eduardo Cunha, apareceu o Pastor Everaldo, que concorreu à presidência da República pelo PSC em 2014, pedindo dinheiro ao parlamentar e se dizia "desesperado". Em outra mensagem, Geddel Vieira Lima diz ter resolvido o problema de Everaldo. Tais mensagens indicam que Cunha e Geddel arrecadavam recursos para manter influência sobre o parlamento, bancando deputados e, assim, podem ter comprado apoio ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Pouco se falou sobre esse escândalo. Não houve panelaços e ninguém foi pra rua de verde e amarelo pedir o fim da corrupção. Porque será? 

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