A esquerda iluminista, Crivella e seu secretariado

Alguns militantes de esquerda fizeram à época das eleições, logo após a confirmação da vitória de Crivella, um grande estardalhaço, dizendo que este iria praticamente entregar a chave da cidade ao Edir Macedo e à Igreja Universal. Ledo engano. Pois bem, Crivella fez acenos - corretos para quem visa governabilidade - para o conjunto da classe média carioca, seja ela baixa, média-baixa, média-alta e alta, ao anunciar alguns nomes de seu secretariado. Por exemplo:

Na Cultura, nomeou Nilcemar Nogueira, neta de Cartola, negra, moradora do Morro de Mangueira. Mais simbólico, impossível; Na Ordem Pública, nomeou o 01 do BOPE, Coronel Amêndola, também muito simbólico, pois este vai se encarregar de colocar a guarda municipal pra descer o sarrafo nos camelôs e nas "sementinhas do mal" que ficam andando pela cidade, como a classe média gosta; Na Educação, nomeou um ateu. Cesar Benjamin, ex-militante na luta armada contra a ditadura militar, foi preso, torturado, fundou o PT, o PSOL; Seu vice, Mac Dowell, para a pasta de Transporte; Clarissa Garotinho para o Trabalho; Pra Assistência Social e Direitos Humanos, nomeou a tucana Teresa Bergher e, para Urbanismo, infraestrutura e Habitação, nomeou o arquiteto e viciado em aplicativos, Indio da Costa.

Mais uma vez, a esquerda dá piti sem fazer a análise concreta do cenário político. O que mais vi na minha linha do tempo do facebook depois do anúncio dos nomes do secretariado, foi uma série de ataques e linchamentos contra o Cesinha Benjamin. Uma falta de respeito sem tamanho para com uma das cabeças mais brilhantes da esquerda brasileira. Pode-se - e deve - contestar seus posicionamentos, é claro, mas sem agressividade.

Estamos mal, mesmo.

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