"2017: o ano das ruas", por Ângelo Cavalcante


O 2017 não será um ano econômico; será ano político. É que o rito de passagem para o já integralmente perdido 2017 (e sob Temer não há outro prognóstico!) é a saudação ao defunto; é queima das velas e encomenda das almas. Não é pra menos! Do ponto de vista econômico estamos tratando da maior investida contra o patrimônio público e as economias populares da história brasileira.

Com todos os louváveis esforços dos movimentos sociais e das oposições, mesmo dispersas, perdemos a batalha de 2016 e a fatura desta derrota será um 2017 estéril do ponto de vista da economia real, da produção e dos seus necessários efeitos distributivos. Temos alguma chance no mundo da política.

No que respeita ao debate e as decisões institucionais o Congresso seguirá o mesmíssimo buraco negro da vida nacional onde vidas são negociadas por financiamentos; reservas ambientais são tornadas carvão e aridez em favor do crescimento econômico (?) de meia dúzia de gatos pingados; o país é entregue ao balcão da agiotagem onde o "um" vale "cem" na mágica neoescravagista e anti-trabalho do juro sobre juro e; finalmente; onde em votação aberta e "democrática" este mesmo parlamento paspalho e, em honra de absurdo projeto de "desenvolvimento" avança ciente do seu "amor pátrio" retalhando o país para as rapinas do capitalismo transnacional, necessariamente criminoso.

A chance e, de fato, é nossa única chance, está no atípico, no inesperado, no não-convencional: está nas ruas. Vejamos algo importante e que é preciso considerar sobre essa "rua". Não me refiro somente ao equipamento urbano onde pessoas, bens e serviços fluem quase sempre caoticamente em prol da reprodução do capital e da especulação imobiliária. Refiro-me àquilo que não é doméstico, rotineiro, corriqueiro.

Rua, na política, é um universo de possibilidades. É a "não-casa", é o "não-cotidiano". Rua, meus caros... É povo! Povo em movimento, em marcha sincrônica e irremediavelmente avançada! Não dá pra tergiversar... A solução está na frente, no futuro e que só pode ser feito por muitas, milhares, milhões de mãos negras, brancas, caboclas, indígenas.

2017 será ano político! E deve ser nosso ano. Por isso, de novo, 2017, será, mais do que em qualquer outro momento, o ano das ruas e para não perdermos o foco... FORA TEMER!


Ângelo Cavalcante é economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus Itumbiara.

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