A culpa não é do povo

Tenho visto muitos amigos e amigas de esquerda jogando a culpa de uma provável vitória de Crivella nas eleições do Rio e de todo o sem número de retrocessos no Brasil em cima do povo. Discordo frontal e inteiramente. Respondo com um texto certeiro do camarada Breno Altman:

"Acho irrazoável que militantes de esquerda coloquem sobre os ombros do povo o ciclo de retrocesso em curso. À luz desses amigos e amigas tomados pelo desespero, o problema é a ingratidão, a ignorância, a alienação ou o comodismo do povo brasileiro. 
Como se fosse o povo a ter obrigações com suas supostas vanguardas e não o contrário... Mas foi esse mesmo povo que elegeu presidentes petistas por quatro vezes seguidas, colocando o país sob governos liderados pelo PT durante treze anos. 
Se depois desse tempo todo, o povo supostamente ficou mais ingrato, mais ignorante, mais alienado e mais acomodado, ao ponto de não reagir massivamente ao golpe e ao governo usurpador, a culpa é do povo? Ou devemos encontrar as origens dessa passividade nos erros da força política que governou o país por mais de uma década? 
A pergunta mais honesta não seria acerca do que fizemos de errado para o povo brasileiro, ou sua maioria, nos ter momentaneamente virado as costas? 
Tampouco há lucidez na análise que acusa a truculência da reação burguesa como causa da regressão atual. Serve como denúncia, mas não é um brutal equivoco se alguém imaginou que os inimigos do povo brasileiro fossem atuar de outra forma? 
Por essas e outras razões, crítica e autocrítica não são apenas instrumentos para escrever história: constituem método imprescindível para recuperar a confiança do povo brasileiro, a começar pelas centenas de milhares, talvez milhões, que compõem seu destacamento mais avançado e lutador."

Um comentário:

  1. De fato, a culpa não é do povo, nesses 13 anos nada foi feito para retirar o poder da imprensa golpista em formar opiniões tortas, em sua capacidade de colocar o povo contra os próprios interesses. Há quem diga que perdemos a oportunidade de construir uma mídia estatal capaz de competir na informação, o fato é que talvez tenhamos a mídia estatal mais poderosa do planeta, mas ele não representa os interesses do estado brasileiro e sim os interesses estadunidenses, é contra isso que devemos usar nossas forças. Enquanto houver rede globo não vai haver democracia.

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