Sobre a violenta reintegração de posse e a absurda prisão de Suplicy


Pra quem quiser entender sobre a absurda e violenta reintegração de posse em São Paulo, e que política não se dá apenas com "só a luta muda a vida" ou "a saída é pela esquerda", recomendo muito a leitura do texto do camarada Josué Medeiros.

"Informações importantes sobre a violenta reintegração de posse que terminou com centenas de pessoas sem lugar pra morar e com a prisão do Suplicy:

1 - O terreno é da prefeitura de São Paulo. A Defesa Civil (vinculada ao governo Estadual) o avaliou como de risco máximo para alagamentos e desmoronamentos. Isso obriga a prefeitura a pedir a reintegração de posse sob pena de sofrer um processo de improbidade administrativa, cujo final pode ser um impeachment.

2 - A ocupação é nova, tem menos de dois anos, o que impede as pessoas de receber aluguel social. Mesmo assim a prefeitura de São Paulo cadastrou todas as pessoas nos programas habitacionais do município.

3 - A reintegração estava negociada com o movimento. As partes buscavam um outro lugar para que as pessoas exercessem seu direito de morar. O movimento, que não tem relação direta com o MTST ou com qualquer movimento social de moradia que compõe o campo da esquerda, voltou atrás.

4 - Com isso, a prefeitura tentou, sem sucesso, suspender a reintegração de posse para uma nova rodada de negociações. A justiça não topou.

Esse conflito evidencia o cerco autoritário que a democracia brasileira está sofrendo. Pouco importa que o prefeito, eleito pelo povo, tenha buscado solucionar a questão sem confronto, e tendo como objetivo final o direito à moradia, e não a defesa da propriedade privada. O judiciário e a tecnocracia passam por cima do executivo e autorizam as forças repressivas a agir independente da vontade do governante.

E enquanto ficarmos nos criticando, entre nós, para provar quem é mais de esquerda, na suposição de que a mera vontade do Haddad ou de qualquer outro teria produzido um desfecho diferente, seguiremos sem entender a gravidade do que estamos vivendo, e sem combater o inimigo correto."

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