O PROGRAMA ECONÔMICO DERROTADO NAS ELEIÇÕES DE 2014 VENCEU NA MARRA EM 2015

Corte nos gastos com a saúde, investimentos, programas sociais como o "Minha casa, Minha vida", o PAC, obras de infraestrutura como mobilidade e saneamento, salários do funcionalismo público, cancelamento de concursos em 2016 e volta da CPMF de 0,20%. Só em cima do funcionalismo pretende-se economizar R$ 8,2 bilhões em 2016. Mas para o "andar de cima" (Ricos) o governo solicita apenas R$ 2,9 bilhões (com mudanças nos juros sobre o capital próprio e nos ganhos de capital, como venda de propriedade a partir de 1 milhão).


É fato que o governo Dilma II se aliou - ao meu ver, se rendeu - completamente ao mercado e o grande capital, visando minar o "golpismo" e a escalada do impeachment, além de garantir a sobrevivência até 2018 (um erro indefensável). No dia 04/09, o ministro Levy se encontrou com grandes empresários em SP e estes afirmaram que continuariam apoiando o governo se a política de ajuste (austeridade) fosse aprofundada e os cortes atingissem os programas sociais (dito e feito!). 

Aliás, e em tempo, o Mangabeira Unger, da secretaria de assuntos estratégicos, pediu demissão, num claro sinal de que essa secretaria será extinta na redução de ministérios, que vem aí na próxima semana.

Pra quem duvida dessa aliança (rendição) entre Governo e grande capital, basta ver como foi a reação do mercado financeiro na bolsa de valores (Bovespa) de hoje, com vertiginosa alta (Bancos puxando) e queda acentuada do dólar, todas geradas pela euforia do mercado com os novos cortes e aprofundamento da austeridade.

Pois é, camaradas. O programa econômico que foi derrotado nas eleições de 2014 venceu em 2015 e foi implementado. É difícil de entender o porque do governo contemplar os derrotados. É difícil de compreender tamanho imobilismo e rendição. (Sim, votei em Dilma e, sem crise de "madalena arrependida", votaria de novo se repetissem as mesmas circunstâncias como as colocadas em 2014)

Mesmo assim, não acredito na tese de "estelionato eleitoral", pois essa seria uma operação consciente, intencional. E não foi esse o caso, ao meu ver. O que houve foi um desgoverno de ideias, uma incapacidade política sem igual ao não entender que o modelo econômico até 2014 havia batido no teto, chegado a um limite, e que era necessário abrir uma nova etapa e trazer essa discussão pra campanha eleitoral e ajudar a formar uma maioria política a favor das reformas de base (tributária, agrária, urbana, etc). Como dizem por aí, "pior que um crime é um erro".

O triste disso tudo é ver como o governo Dilma II, com essa política econômica desastrosa, se parecer tanto com o segundo governo FHC.

De fato, Karl Marx estava certo ao dizer que "A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa"

Tempos muito difíceis.

Abraços,
Daniel Samam

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