A nota de R$ 200,00 e a corrupção, por Sergio Batalha

Muitos comentaram o anúncio pelo Banco Central do lançamento da nota de R$ 200,00, geralmente com alusões divertidas sobre o bicho homenageado ou manifestando preocupação com a volta da inflação.

No entanto, poucos atentaram para um efeito natural do lançamento de cédulas de duzentos reais: Elas facilitarão a corrupção e a lavagem de dinheiro, bem como a circulação de dinheiro nas atividades criminosas.

Normalmente, os subornos são pagos em dinheiro, exatamente pela inexistência de origem legal para o pagamento. O corrupto depois tem de “lavar” este dinheiro vivo, depositando-o em algum negócio legal cuja natureza envolva pagamentos em dinheiro. Obviamente, uma nota de maior valor diminui o volume transportado, evitando apreensões pela polícia e facilitando sua ocultação.

Assim acontece também com o dinheiro recebido pela extorsão da milícia ou pelos parlamentares que praticam a “rachadinha”, ou seja, recebem parte do salário de seus funcionários. Também é comum que parte do dinheiro vivo arrecadado em igrejas evangélicas seja “lavado” para ingressar ilegalmente no patrimônio pessoal dos bispos e pastores.

A esta altura já disparou um alarme na sua cabeça e você percebeu que o objetivo do governo com o lançamento da nota de duzentos reais não é econômico. O objetivo oculto é facilitar a atuação das milícias, dos deputados corruptos do Centrão, dos pastores evangélicos e criminosos em geral. Bolsonaro não é só um genocida, é também um corrupto cínico.

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Sérgio Batalha é advogado, professor universitário, especialista em relações de trabalho, além de conselheiro e presidente da Comissão da Justiça do Trabalho da OAB-RJ.