A prática do ódio anunciado: A última dose de veneno, por Cristiano Lima
"Eu odeio povos indígenas, ciganos... odeio! Pra mim só existe um povo, o brasileiro. Quem não tá satisfeito...." Esta foi a fala do, agora, ex-ministro da educação de Bolsonaro em reunião ministerial de 22 de abril de 2020.
A declaração do ex ministro bolsonarista da educação revela um pensamento totalitário, e do ódio, afirmado por ele próprio e com tanta veemência.
Classificar como ignorância é relutar em não entender o posicionamento e as atitudes desse governo que vem atropelando direitos, massacrando a cultura, educação e a ciência. Um governo que parece escolher a dedo seus representantes, que ao que tudo indica não demonstram desejo de evolução, mas de negação e destruição. Tal afirmação podemos ilustrar através das pastas da própria educação, economia e meio ambiente que caminham na contramão do alcance à objetivos de desenvolvimento para suas áreas específicas e para o Brasil de um modo geral. Além, ainda, da conturbada gestão de Sérgio Camargo diante da Fundação Palmares, que em nada contribuiu para Fundação.
Quando o ex ministro exclamou haver “apenas um povo,” ele levantou uma bandeira de igualdade cultural e racial. Isto é simplesmente tentar exterminar toda a diversidade que só enriquece o Brasil. O multiculturalismo e a diversidade devem ser exaltados e não combatidos. Justamente o inverso que este governo faz, ou seja, promovem a miséria e combatem o desenvolvimento social, econômico e humano.
Na calada, no ódio e dando uma rasteira no povo, Weintraub, que já disse ODIAR o termo "povos indígenas", nas horas finais de sua saída, destilou mais uma dose de seu veneno ao extinguir nos cursos de pós graduação a política de cotas para negros, pardos, indígenas e deficientes.
O ataque promovido pelo ex ministro bolsonarista com a revogação da portaria que indicava estímulo a política de cotas criada no governo da ex presidenta Dilma Rousseff estendendo-a para cursos de pós-graduação, incluindo mestrado e doutorado promete aumentar a desigualdade colocando negros, pardos, indígenas e deficientes em uma situação de extrema desvantagem.
Já não bastassem os ataques à educação, sua ineficiência como ministro ou em outras palavras, talvez mais cabível nesse caso, “sua eficiência em depredar” o sistema público de educação, Weintraub vinha cumprindo sua missão nesse governo: A sabotagem!
A revogação da portaria é mais uma prova do processo de destruição dos mecanismos criados durante o governo PT para mitigação da miséria e da desigualdade. Uma herança vergonhosa da história de um Brasil explorado pelo capitalismo e sufocado pelas classes dominantes e seus tentáculos na política.
O sistema de cotas além de abrir portas às classes mais empobrecidos é, também, uma forma de tentarmos pagar uma dívida histórica com negros e indígenas. A portaria revogada por Weintraub funcionava como mais uma porta aberta, para que esses alunos pudessem dar continuidade aos estudos.
A portaria de 2016, (Mercadante, MEC na época, PT), obrigava instituições federais de ensino superior a apresentarem um plano para a "inclusão de negros (pretos e pardos), indígenas e pessoas com deficiência em seus programas de pós-graduação, incluindo mestrado e doutorado.
Está mais que evidente que estamos sob a proposta de uma política voltada ao alargamento das desigualdades, submissão estrangeira, retirada de direitos e estímulo do ódio. Enfim, um governo anti povo.
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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.
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