Eleitorado carioca admite mudar voto para prefeito. Confira o eleitorado dos candidatos, segundo o Datafolha


A eleição municipal do Rio entra na reta final ainda sem definição clara de como será a composição de um possível segundo turno e com uma margem significativa para a mudança do quadro atual. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, de cada dez entrevistados, quatro disseram que ainda podem mudar de voto nos próximos dias. Há ainda os eleitores indecisos (6%) e os que pretendem votar em branco ou nulo (15%).

Os eleitores menos decididos são os de Indio da Costa (PSD). De acordo com a pesquisa, 74% podem optar por outro candidato. Em seguida, estão Flávio Bolsonaro (PSC), com 49% e Jandira Feghali (PCdoB), com 42%. Os eleitores que pretendem votar em branco ou nulo estão mais decididos em manter o voto. Nesse grupo, apenas 22% consideram a possibilidade de escolher outra opção. O eleitorado mais fiel é o de Pedro Paulo (PMDB), com 65% declarando estar totalmente decididos a votar nele. Em seguida, estão empatados Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), com 61% cada.

Para o pesquisador Júlio Aurélio, da Fundação Casa de Rui Barbosa, a indecisão do carioca, assim como a alta taxa de votos em branco e nulo, reforça o descontentamento com a política. O desempenho de Crivella, que aparece como segunda opção para a maior parte dos que já têm candidato e pode mudar de escolha (17%), é explicado pelo fato de sua campanha não o associar a um perfil político.

— É uma eleição depressiva, de decepção. O Crivella tem vantagem por não se colocar como membro da classe política, embora seja senador — analisa.

O Datafolha mostrou ainda que, entre os eleitores de Jandira que ainda podem mudar de voto, Crivella é a principal opção. O mesmo acontece na situação contrária: Jandira é a segunda opção para a maior parte dos eleitores de Crivella. Júlio Aurélio afirma que o dado indica que esse eleitor não considera a questão ideológica:

— A Jandira representa uma esquerda que consegue entrar num eleitorado de baixa escolaridade. Se não fosse sua campanha, Crivella poderia ter mais votos. Esse eleitor não pensa em ideologia.

Os números também traçam um perfil do eleitorado carioca. Dependendo da idade, do sexo, da religião, da escolaridade e da renda, a escolha nas urnas pesará para um dos lados da disputa. Enquanto Freixo lidera a pesquisa com os eleitores que têm ensino superior (25%) e ganham mais de dez salários mínimos (22%), Crivella desponta entre os os menos instruídos (41%) e o de menor renda (39%).

Apesar da ligação com Igreja Universal, Crivella lidera as intenções de voto entre católicos e não religiosos, com 25% cada. Em relação à última pesquisa, conquistou votos principalmente entre os evangélicos não pentecostais (foi de 35% para 51%).

Entre os católicos, Pedro Paulo aparece em segundo lugar, com 14% das intenções de voto, atrás de Crivella (32%) e seguido por Jandira (10%).

O peemedebista, por outro lado, lidera a rejeição do eleitorado em praticamente todas as faixas de idade, sexo e escolaridade. Especialista em Pesquisa de Mercado e Opinião e professor da ESPM, Eugênio Giglio disse que, apesar de não haver uma diferença na rejeição de Pedro Paulo entre homens (31%) e mulheres (33%), a acusação de agressão a ex-mulher, arquivada pelo STF, o fragilizou.

— O Pedro Paulo foi alvo de um problema pessoal, que resvalou para a candidatura. Ficou muito fácil qualificá-lo: “aquele que bate em mulher”. Todo mundo entende. Ficou marcado assim. Há ainda uma rejeição muito grande ao PMDB — comentou.

Entre os eleitores de 16 a 24 anos, o candidato mais rejeitado é Bolsonaro. Já entre os mais ricos, com renda superior a dez salários mínimos, aparece Jandira.

Para acessar o infográfico do Datafolha publicado no O Globo, clique aqui.

Abraços, 
Daniel Samam

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