Nem coveiro, nem desavisado, Bolsonaro é malicioso! Por Cristiano Lima
Ao ser questionado por jornalistas sobre o número de óbitos em decorrência do novo coronavírus, Bolsonaro deixou claro aos desavisados que ainda não entenderam a real situação grave em que o Brasil se encontra seu descompromisso com a preservação da vida e da democracia.
Sem perder sua arrogância, o presidente afirmou não ser coveiro! Esta frase, dita por um presidente da República, em um momento em que grande parte do mundo se isola para mitigar os efeitos da pandemia, e que profissionais dos setores de saúde, segurança, transportes, trabalhadores e trabalhadoras de mercados, postos de gasolina, farmácias se desdobram para manter serviços essenciais funcionando, o presidente não lhes direciona nenhum reconhecimento ou compaixão.
A verdade é que Jair Bolsonaro de uma forma direta, em apenas uma frase expressou seu descaso, descompromisso e de desvalor a vida humana dos mais pobres. Pois é este segmento que Bolsonaro a cada fala insiste em empurrar para beira do abismo.
Seria de total ingenuidade classificar a resposta de Bolsonaro, “não sou coveiro” como ignorância por falta de conhecimento a realidade do Brasil. Sua interpretação tem fundo de desprezo aos milhões de trabalhadores e trabalhadoras a quem Bolsonaro já demonstrou não ter qualquer sentimento de apreço.
Bolsonaro é astuto e malicioso, seu projeto de expansão de ideais fascistas se remodelam diante a crise sanitária que o Brasil enfrenta sem o auxílio do presidente que, maliciosamente, levanta a bandeira da economia, acenando para uma elite empresarial gananciosa ao mesmo tempo que insiste na insegurança dos empregos diante ao isolamento social tão necessário para proteção de vidas humanas. Bolsonaro quer colocar o trabalhador como culpado por uma possível perda de emprego, caso, este trabalhador seja a favor do isolamento.
Mas não para por aí, suas “saidinhas”, trazem consigo uma mensagem de estímulo à desobediência as recomendações de médicos, cientistas e da própria OMS. Bolsonaro cinicamente já utilizou o direito constitucional que garante o ir e vir como respaldo para seus atos irresponsáveis, porém, friamente calculados. É importante, aqui, destacar que Bolsonaro sempre foi um agressor da Constituição Federal. Suas saídas estimulam diretamente as manifestações que vem ocorrendo pelo Brasil, pedindo o fim do isolamento e a reabertura do comércio. Na carona disso tudo surgem movimentos que pedem o retorno da ditadura encabeçados por bolsonaristas que carregam faixas com dizeres que atacam a democracia.
O posicionamento do presidente em relação a isso é completamente descabido ao cargo que ocupa, fruto do próprio sistema democrático que tanto ataca. Falando entrelinhas, Bolsonaro diz que nem ele e seus apoiadores querem negociar e que estão cansados da velha política. Após toda repercussão, Bolsonaro, utilizando de todo o seu cinismo, mais uma vez tenta se abster dos atos de ataques à democracia afirmando que as faixas exibidas na manifestação eram “coisas” de infiltrados.
Neste estilo, rasteiro, traiçoeiro e malicioso Bolsonaro vem se ajustando ao vírus e tentando colocar em avanço o seu projeto totalitário fascista.
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Cristiano Lima é Educador, graduando em Geografia pela UERJ/CEDERJ e Escritor.
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