A derrota das eleições 2016, por Fernando Haddad
O PT foi o maior derrotado da eleição e o espaço não foi ocupado minimamente por qualquer outro partido de esquerda. Sou um defensor da aproximação do PT com o Psol, mas não me entusiasmo com os avanços dos psolistas, que é muito limitado.
O PT tinha 644 prefeituras, recuou para 256 e disputa o segundo turno em 7 cidades. A votação do PT recuou de 17,273 milhões para 6,821 milhões votos. A população representada pelo PT caiu de 37,991 milhões para 6,119 milhões.
O PSOL tinha duas prefeituras e termina o primeiro turno com duas e disputa o segundo turno em mais três. A votação do partido recuou de 2,389 milhões para 2,098 milhões. A população representada recuou de 438 mil para apenas 14 mil pessoas. A vitória no Rio mudará bastante este quadro.
O PCdoB tinha 54 prefeituras e passou para 80 e disputa o segundo turno em mais duas. A votação do partido caiu de 1,880 milhão para 1,762 milhão votos. A população representada pelo partido recuou de 3 milhões para 2,120 milhões, o que indica que as prefeituras conquistadas até agora são de cidades menores.
O PSTU não tinha prefeitura e continua sem nenhuma. A votação do partido desabou de 176 mil para 78 mil votos.
Portanto, não temos no Brasil uma alternativa de esquerda ao PT com base de massas. Uma referência alternativa de esquerda é o Podemos da Espanha, que tem 70 deputados, 20% do parlamento de 352 deputados. É como se uma corrente de esquerda ao PT tivesse no Brasil 100 deputados federais. O PSOl tem 5.
Na minha opinião sem a reconstrução do PT e o avanço das demais correntes de esquerda não teremos uma esquerda forte no Brasil novamente. Respeito muito a esquerda que se aproxima das mulheres, dos negros, da juventude, da população LGBT. Mas somos classistas. Nossa principal missão é organizar, além das lutas destes segmentos, a população mais pobre deste país.
O PT que tinha nesta população mais pobre uma ampla base de massas, não orgânica, viu a influência do partido diminuir radicalmente. O PSOl infelizmente continua isolado em segmentos democráticos da classe média e sua presença na população pobre é inexpressiva.
Ou seja, não é só o PT que precisa mudar. Todos os demais partidos de esquerda têm limitações graves e precisam também superar os seus impasses políticos e organizativos. A luta continua, não há outra saída.
CARTA 01. COMENTANDO E CONTRIBUINDO.
ResponderExcluirO texto entitulado "Fernando Haddad" é bastante oportuno, provocando a continuidade da reflexão e do debate que fervilham no campo das esquerdas. Faltou, porém levantar algumas importantes questões. Para começar, a questão do programa e da estratégia em torno dais quais se rearticulariam as esquerdas. Não trouxe o número total de votantes no país, a fim de se estabelecer os percentuais relativos aos números que apresenta, e não discutiu a questão das abstenções completas, das abstenções em votos brancos e os votos nulos. Também não fez qualquer menção ao PCB, ao MST, ao crescimento das correntes anarquistas, e ao impasse atualmente interminável no âmbito dos movimentos sindicais. Não vou nem destacar que sequer menciona os movimentos ambientais e de sem-tetos. Enfim. Falar em rearticular a esquerda, até um bebê pode falar. E é muito bom que o texto o faça. Parabéns, fraternalmente, pela oportuna abordagem. Não podemos permanecer estarrecidos diante da banda, a passar. A questão é como, e em torno de que conteúdos programáticos, objetivos táticos e estratégicos e, sobretudo, com que métodos organizar-á esta reconstrução da esquerda classista puro sangue.
Porque juntar as atuais organizações que estão mais ou menos à esquerda só para fazer números, apenas irá levar a novos impasses, novas derrotas flagorosas, e a um novo retrocesso.
Há que se avançar, e precisamos fazê-lo a partir de princípios não apenas Classistas, mas necessariamente inteligentes, científicos, construindo-se já no hoje uma outra cultura, de caráter radicalmente Coletivista e Ecológico (pelo amor das sete deusas, espero que toda a esquerda, pelo menos ela, tenha aprendido de uma vez por todas que meio ambiente é tudo o que existe, e não só a natureza, a poluição e os recursos naturais. Cultura, política, economia, tudo, tudo o que existe, inclusive os nossos pensamentos e sentimentos, estão englobados no conceito/categoria meio ambiente. Espero que ao menos a esquerda já tenha se dado conta disso). É vital e urgente, em nossos esforços em comum, que nos dediquemos a sentir, pesquisar, estudar, criar e recriar esta outra cultura. Fundamentalmente erguida, esta nova cultura social, sobre o princípio do Poder Popular - este fantasma que, ao que parece, assusta tanto à burguesia quanto aos dirigentes dirigistas (permitam-me o pleonasmo) das atuais organizações e partidos de esquerda.
Uma esquerda lúcida, combativa, viva, classista e de ampla base nas populações dos que vivem do seu trabalho, uma esquerda eficiente e eficaz, não pode se dar à vaidade de revolucionar a realidade sem a participação ativa, sem o necessário protagonismo de um povo consciente, informado e politicamente formado. Um povo que vivencie no hoje as novas relações sociais, em todos os sentidos. Criando e construindo coletivamente, com liberdade, igualdade e muita, mas muita mesmo, fraternidade e afetividade, o protótipo antecipado da sociedade que tanto queremos construir.
Isso se faz com relações amorosas, de um amor concreto e não retórico e futurista. O método de organização de uma ou de várias esquerdas vitoriosas, é necessariamente o método do amor e da afetividade, sem lideranças, sem privilégios, sem desigualdades politicas entre nós. Os arcaicos, os sectários e dogmáticos (os crentes das teorias pensadas por outros valorosos, no passado), todos eles vivem temerosos de sentir-se perdidos sem os seus dogmas. E como quem insiste em dizer que a terra é plana, afirmam que isso é utopia impossível.
Eu afirmo que a isso chama-se Poder Popular.
Coletivismo sem verdadeiras relações de afetividade real e concreta, isto sim é impossível. Pelo simples fato de que "não somos máquinas. Humanos é que somos". E humanos pensam, criam, trabalham e amam. Não mutileis o homem e a mulher coletivistas.
TUPÃ AJURICABA,
Partido Coletivista Verde - PCV.
QUILOMBO SOCIOCOLETIVISTA, 07 DE OUTUBRO DE 2016.
Fui eleitor do PT pelos últimos 20 anos sem ser fiado ao partido e sem acreditar que lá era a confraria dos santos. Com certeza eu como milhões de brasileiros estamos nos sentindo órfãos, pois não me sinto representado pelos demais partidos por defenderem ideologia de gênero e outras coisas mais bem distante do que defendo, nem vejo o PT fazer sua auto culpa ou sua limpeza, nem fez e nem vai fazer por talvez daí se dará sua extinção total como partido. Não sou filiado a nenhum partido mas tenho uma linha de pensamento de esquerda sem radicalismo, entendo que nem os ricos vão resolver os problemas dos pobres nem queremos que os ricos percam seu poder financeiro em detrimento dos pobres queremos simplesmente que a distância entre as partes diminua coisa que no Brasil é uma das piores do mundo findando meu comentário gostaria de deixar um pensamento antigo que formulei e com certeza talvez não seja algo novo alguém pode já ter pensado antes.
ResponderExcluir"TODO MUNDO É COMUNISTA COM 20, SOCIALISTA COM 30, E CAPITALISTA A PARTIR DOS 40" Aos vinte você é comunista pq você quer dividir o que não tem, com trinta você é socialista porque você admite dividir com os mais próximos, e com quarenta você se torna um capitalista ferrenho porque você não quer dividir com ninguém o que conseguiu julgar com tanto esforço.