Lula e o machado de Xangô, por Alipio Carmo

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Não haveria um gesto mais emblemático. O reitor da UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Silvio Soglia, presenteou Lula com o machado de Xangô, o Orixá da Justiça, após o ex-presidente ser proibido por um juiz de receber o título de Doutor Honoris Causa pela universidade.

Mas qual o valor desta atitude? Não, não reside apenas no caráter religioso ou na representação da luta da senzala contra a casa grande. Ele é sutil. A diáspora negra nas Américas viveu a experiência da escravidão e sua força se expressou, e se expressa, na vigorosa capacidade de ressignificação de sua história. 

Os setores da direita e da esquerda que avaliam que o velho sindicalista é uma página virada na política brasileira, não entenderão o sentido deste presente. Lula está se reinventando e o futuro da luta dos trabalhadores passa pelo caminho que ele começa a abrir. Mas não se enganem, o machado de Xangô não é a foice e nem o martelo. 

A justiça a ser feita passa pela disputa das conquistas e significados do primeiro governo de esquerda no Brasil. 2018 é só um detalhe e Luis Inácio sabe disso.


Alipio Carmo é Historiador e militante do Partido dos Trabalhadores (PT).

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