Sobre o 'caixa 2'

Sim, o 'Caixa 2' é uma prática inadmissível, mas convenhamos que esta faz parte do 'modus operandi' não só da vida política brasileira, bem como da vida política de muitos outros países, sejam estes desenvolvidos ou em desenvolvimento, como é o nosso caso. Não sejamos vira-latas de pensar que só existe corrupção no lado de baixo da linha do Equador. Mas, 'caixa 2' não é o mesmo que propina.

Vejamos a diferença: no caso da propina, os executivos de empresas fornecedoras de bens e serviços dão dinheiro a políticos e/ou funcionários de órgãos públicos ou de empresas estatais em troca da obtenção de contratos junto a esses órgãos e empresas. Aí existe um claro e notório atentado contra o patrimônio público. 

No entanto, no caso do 'caixa 2' o que há é a expectativa da empresa de que terá um 'tratamento diferenciado' caso o beneficiário da doação, ou seja, o candidato, seja eleito. O que não diferenciaria em nada das doações feitas de forma legal - isso quando estas eram permitidas.

Em suma, o 'caixa 2" é um problema que diz respeito à estrutura de financiamento de campanha eleitoral no sistema capitalista, enquanto a propina é uma forma de corrupção quando há uma relação perniciosa entre os entes privados e agentes do Estado.

O caixa dois é usado como moeda de troca no mundo da política. Os que recebem e os que dão estão preocupados de serem chantageados. Daí a razão de a classe política articular esse 'deixa quieto' que é a anistia. O resto, camaradas, é moralismo barato.

Abraços, 
Daniel Samam

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