Pitacos sobre o 1º debate do segundo turno das eleições entre Freixo e Crivella

ERRATA: Nesse texto, por conta da correria e pressa, acabei cometendo um engano e postando dois tópicos de um texto de uma companheira, a Isabel. Logo abaixo, segue a íntegra do meu texto, sem o erro.


Acho que o Freixo foi bem nesse 1º debate do segundo turno, pois mostrou um pouco mais de corpo programático que Crivella. O que não significa que não tem alguns problemas importantes a serem resolvidos.

Seguem alguns pitacos:

1) A frase que marca Crivella desde o início do pleito é "vou governar para as pessoas"; a de Freixo é "vou governar com as pessoas". Acho que é aí que Freixo acerta e demostra intenção de construir uma prefeitura democrática e, acima de tudo, participativa, num período onde a democracia representativa vive uma crise sem precedentes. No entanto, essa demanda é reduzida à turma que já vota ou tende a votar em Freixo. Para a outra turma que tem mais preferência por Crivella, democracia é, pura e simples, escolher a cada 4 anos aquele que vai "fazer por nós". É correto manter a proposta de ampliar a democracia para além dos momentos eleitorais, mas não será em apenas 20 dias que Freixo conseguirá convencer toda a sociedade. Logo, é preciso falar a linguagem capaz de chegar à parcela que espera que o prefeito faça, realize, resolva.

2) Logo na primeira pergunta sobre qual seria a primeira medida ao tomar posse, Crivella foi direto: "vou resolver a fila das cirurgias na área da saúde". Freixo disse que iria reunir com os profissionais de educação para discutir com eles como seria a nova escola, inclusiva, capaz de formar cidadãos, com autonomia pedagógica, inserida na comunidade. Ambos jogaram iscas em seus aquários, falaram para os seus; o problema é que o aquário do Crivella tem mais peixes para serem fisgados que o aquário do Freixo.

3) Crivella tem um projeto que visa algumas políticas públicas interessantes como a "zona franca social", mas por trás disso, esconde um projeto de redução do papel do estado, enxugando a máquina, reduzindo drasticamente o número de secretarias. É o famigerado Estado mínimo. O máximo que ele admite é investimento na área de segurança. Aliás, na segurança, ele atribui aos pobres o cerne da violência urbana. Para dar um exemplo, ele falou diversas vezes sobre as drogas como um mal que atinge as comunidades empobrecidas (ele não fala favela). Em nenhum momento propôs investimento em saúde pública, em melhoria das condições de vida e nem mesmo em educação para tal fim.

4) Freixo tem propostas menos concretas, mas abre para a participação popular. Deixo claro que estou com Freixo, mas falta no discurso um apelo para o povo que não é de esquerda e que não se liga em política.

5) O discurso quase didático do Crivella cola no povão.

6) Acho que nos próximos debates o Freixo tem que falar mais devagar, ser mais pedagógico, apresentando suas propostas de forma mais concreta e exemplificando para que os indecisos, os que não discutem política e os que não são de esquerda possam entender.

Concluir um debate dizendo: "eu não vou cuidar de ninguém, vou chamar para a participação" e "povo não é rebanho" não vai trazer mais votos além dos que já estão com ele. Ainda mais, após o Crivella ter acabado de dizer que ia cuidar da população, e a maior parcela do eleitorado busca exatamente isso num prefeito.

Freixo e sua coordenação de campanha precisam encontrar uma maneira de falar para esta parcela do eleitorado. Sem isso, infelizmente, não dá para o Freixo vencer a eleição.

A luta é pedagógica!

Abraços,
Daniel Samam

#Freixo50

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