"O discreto troco de Dom Orani Tempesta a Marcelo Crivella", por Marcelo Auler

A notícia, dada em primeira mão pelo jornalista Maurício Dias, na coluna Rosa dos Ventos, da revista Carta Capital que começou a circular neste final de semana (22 e 23/10), foi confirmada por este blog. De forma discreta, como costuma fazer, Dom Orani Tempesta, cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, orientou padres de sua arquidiocese a lembrarem a seus fiéis que “católico não vota em quem é contra a Igreja”. O recado, aliás, já começou a ser passado há dois fins de semana e, muito provavelmente, deverá ser reforçado neste domingo (23/10), nos últimos encontros e missas de católicos antes do segundo turno.

Não será uma campanha aberta a favor de Marcelo Freixo (PSOL), até porque campanhas em igrejas são proibidas. Aliás, quem costuma fazê-lo é a Universal e os evangélicos de denominações mais à direita, como o Pastor Malafaia.

Portanto, ninguém espere que os padres saiam falando abertamente de candidatos ou candidaturas. O recado está sendo dado sem personalização. Como se fosse apenas uma lembrança. Corre o risco até de não ser entendido por todos.

Como alguns católicos receiam votar no PSOL por questões ideológicas, o recado do arcebispo tranquiliza suas “ovelhas”: “Prefeito não faz leis, administra a cidade”.

É  o sinal verde para a Igreja Católica tentar levar seu rebanho a rejeitar o voto no bispo licenciado na Igreja Universal, sem deixar de comparecer à cabine de votação, nem tampouco anular o voto ou deixá-lo em branco.

A ideia é impedir a eleição daquele que já pregou contra católicos, mas mesmo assim usou em sua campanha, sem autorização, uma foto ao lado do Cardeal Orani. Foi uma tentativa de Crivella de conquistar votos do rebanho do arcebispo. Ganhou, na verdade, a contrariedade dele e de seus acólitos. Além de desautorizado publicamente – Igreja rejeita panfleto com foto de Crivella e Dom Orani -, agora recebe o troco na orientação subliminar que os padres deverão repassar aos fiéis.

Não bastasse a esperteza de Crivella – que classificou os panfletos com a foto de apócrifos – em tentar se beneficiar de um encontro protocolar, que o bispo teve com sete dos 11 candidatos que o procuraram, ele ainda tem contra si as bobagens que andou escrevendo no passado contra a Igreja Católica. Foi o que mostrou Fernando Molica na reportagem de O Globo: Em livro, Crivella ataca religiões e homossexualidade: ‘terrível mal’

O recado de Dom Orani a seus padres é anterior à reportagem de 18/10. Mas, como lembrou Dias em sua coluna, Crivella já disse que os católicos “pregam doutrinas demoníacas”. Agora, Dom Orani tenta exorcizar Crivella no segundo turno das eleições.

A propósito, quem quiser saber mais sobre a perseguição de Crivella aos católicos, visite no site Conexão Jornalismo a reportagem Música de Crivella que ironiza chute na santa é mais um torpedo na campanha – vídeo.

(*) No início tarde deste sábado (22/10) recebemos de Adionel Carlos,  assessor do cardeal-arcebispo, o seguinte texto: “Agradeço se publicares no seu blog que eu, como Assessor de Imprensa, desminto a informação dada na Carta Capital que o cardeal teria dado instruções ao clero através de Wattsap ou outros meios para que orientassem os fiéis como votar no primeiro e segundo turnos”.

Nota do blog de Marcelo Auler: Sem querer polemizar, o blogueiro reafirma que ouviu em uma missa na cidade do Rio de Janeiro, há 15 dias, a informação de quem dom Orani estava relembrando que “católico não vota em quem é contra a Igreja”. Da mesma forma, foi dito que “prefeito não faz leis, administra cidade”. Motivo pelo qual a matéria será mantida no blog, registrando-se o desmentido do assessor do cardeal.

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